Política

Desde que a primeira mulher plantou, surgiram as comunidades agrícolas, gregárias, que deram origem às cidades estado como Mari, Jericó (datada da Idade da Pedra), Ur, etc. Essa agregação humana precisou de sistema e ordem e a história nos fornece os avanços nas legislações conforme as tábuas cuneiformes como o Direito Sumério (Lei de Talião), o código de Hamurabi, posteriormente a Torah, o Direito Romano, etc. mas, ninguém mais foi tão notório ao expor as necessidades de uma comunidade à discussão e avaliação de suas carências como os gregos. Lá surgiu a palavra “Política”. Ou seja, ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados.

Em um sentido meio vago e não tão condizente com as necessidades da população ou ao servir, poderíamos dizer que política, como substantivo ou adjetivo, compreende arte de guiar ou influenciar o modo de governo pela organização de um partido político pela influência da opinião pública, pela aliciação de eleitores. Na conceituação erudita, política "consiste nos meios adequados à obtenção de qualquer vantagem" (segundo Hobbes1) ou "o conjunto dos meios que permitem alcançar os efeitos desejados" (para Russel2) ou "a arte de conquistar, manter e exercer o poder, o governo", que é a noção dada por Maquiavel3.

Se encararmos política como um jogo de poder, nos afastamos do dogma do servir, mas, segundo Aristóteles, “O Homem é um Animal Político”, portanto devemos nos debruçar sobre essa definição e ver que, como tudo, a política é dual, como tudo o que observamos na matéria. Tudo o que nos vem à mão pode ter, ao menos duas aplicações, construir ou destruir e nesse sentido também a política possui essa prerrogativa.

Política pode ser ainda a orientação ou a atitude de um governo em relação a certos assuntos e problemas de interesse público como a política financeira, educacional, social ,etc. Mas, organizações não governamentais também exercem sua política, não partidária, reportando bem à antiguidade grega clássica onde o cidadão deve, por sua vontade e participação, inquirir, participar e influir nos destinos de seu estado, seja esse “estado” uma cidade, município, estado, nação ou planeta.

Nós, como uma Organização não Governamental firmada nos conceitos do servir desinteressadamente, não fazemos política partidária, conforme nosso estatuto. Isto não nos interessa. Isto só nos reporta ao lado ruim dessa nobre prática, ou seja, a disputa do poder e uso da propaganda para enaltecimento próprio e ludibriação da plebe ignara.

Nenhum de nós está aqui para ludibriar ninguém, nem para locupletar-se, mas para tão somente exercer seu direito de cidadão a intervir nos destinos de sua comunidade. Isto é fazer política.

Quando discutimos sobre as necessidades básicas de nossa comunidade e o que podemos fazer para alterar essa situação, estamos fazendo política social. Quando contribuímos para a confecção de uma cartilha sobre o voto consciente, estamos fazendo política educacional, assim como quando ajudamos uma entidade que pretende formar cidadãos, como a Legião Mirim. Quando intervimos no paisagismo da cidade implementando melhorias, estamos fazendo uma política ambiental. Quando damos apoio e participamos de uma organização como o Observatório Social estamos exercendo nossa cidadania e intervindo nos destinos de nossa comunidade.

Portanto, companheiros, continuemos do modo como sempre fizemos, fazendo política, a nobre política, a mesma em que os antigos gregos, reunidos em suas assembléias discutiam e decidiam sobre a organização e melhoria de sua Cidade-Estado e nos destinos da população.

Jean R. D. Marinho
28/09/2010

1. Hobbes, T.; Leviatã (1651).
2. http://pt.wikipedia.org/wiki/Russel
3. Maquiavel, N.; “O Príncipe”, Hedra, 2007.